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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Aborto: trauma pós-aborto, primeiro texto

Muitas pessoas, nos Estados Unidos principalmente onde o aborto é legal desde a decisão da Suprema Corte em 1973 no caso Roe v. Wade, citam o Dr. Koop ao afirmarem que o aborto não tem nenhum efeito nas mulheres. Essa citação é errônea. O que o médico realmente disse em uma carta ao ex-presidente Reagan era que não haviam estudos suficientes para se determinar os efeitos de longo prazo nas mulheres que fizeram aborto.


No artigo "Abortion and Post Traumatic Stress Disorder: The Evidence Keeps Pulling Up" a psicóloga Theresa Burke cita várias mulheres que tiveram vários traumas emocionais decorrentes do aborto. Muitas passaram a beber mais, tornaram-se suicidas, tiveram ansiedade, depressão clínica, pesadelos, dificuldade em manter um relacionamento, entre outros distúrbios. Um estudo do Elliot Institute for Social Science Research(Instituto Elliot para Pesquisas em Ciência Social) reportou a seguinte estatística sobre mulheres que fizeram aborto:

  • 90% sofreram danos na auto-estima;
  • 50% começaram ou aumentaram o uso de drogas;
  • 60% reportaram terem pensado em suicídio;
  • 28% realmente tentaram suicídio;
  • 20% sofreram de estresse pós-traumático;
  • 52% sentiram-se pressionadas por terceiros a cometer o aborto

Evidentemente nem todas as mulheres que praticaram o aborto sofreram algum dano emocional.  Na realidade, considerando outras pesquisas, o número de mulheres que sabe-se teve algum distúrbio foi de apenas 20%. Entretanto, as que passam por tais dificuldades recebem pouco apoio da sociedade. Isso porque a discussão sobre o tema está polarizada. De um lado existem os "pró-vida", que irão condenar essas mulheres dizendo que o que elas fizeram foi assassinato. No outro extremo estão os "pró-escolha", que dirão que isso foi escolha delas e que aquilo que tinham matado não era um bebê, o que não as ajuda. 

Segundo a Dra. Burke essas mulheres sofrem sozinhas, porque não costumam discutir com outras pessoas sobre isso. Em um estudo, três a cada quatro mulheres guardam segredos sexuais, incluindo aborto, dos seus pais e até mesmo delas mesmas. É comum elas criarem uma "barreira mental" e tentarem continuar a vida como se nada tivesse acontecido. Apesar disso ser comum às pessoas - muitas vezes passamos por eventos traumáticos na vida e conseguimos bloqueá-los e seguir vivendo normalmente - em relação ao aborto há fatores agravantes. Como o caso de uma mulher que fez aborto e, doze anos depois, quando teve uma filha não foi capaz de se conectar emocionalmente com ela.

As principais causas identificadas que podem levar uma mulher a sofrer trauma pós-aborto são o sentimento de que foram pressionadas a isso e a indecisão sobre a escolha. Apesar da ideia de que a decisão de optar pelo aborto é uma escolha da pessoa, é ingênuo imaginar que essa escolha é feita livre de pressionamentos, seja por parte de outras pessoas - como pais, marido ou namorado - seja, por circunstâncias - como falta de estabilidade financeira para sustentar a criança. Nesse sentido, apenas 33% das mulheres dizem se sentirem livres para tomarem a decisão. Mesmo as mulheres que optam por terminar a gravidez, elas não o fazem isentas de dúvidas. Essas incertezas são dirigidas, principalmente, pelas concepções morais nas quais elas foram criadas. 65 a 70% das mulheres que buscam o aborto têm uma visão negativa sobre o ato.

Antes de tomar uma conclusão eu gostaria de dizer que este é um tópico polêmico que divide muitas pessoas. Este é o primeiro, e de maneira nenhuma será o único, texto que aqui escreverei sobre o tema e ainda estou em um processo de leitura sobre ele. Concluir, baseando-se apenas na possibilidade de trauma sobre algumas mulheres, que aborto deveria ser negado a todas seria levianismo de minha parte. Ainda mais considerando as dificuldade encontradas nas pesquisas sobre aborto. Pode-se, no entanto, conclui que na batalha entre os a favor e os contra estamos esquecendo de dar apoio às mulheres que sofrem com essa decisão. É o problema da polarização de um tema em extremos. Recentemente uma mulher na Irlanda sofria com muitas dores durante a gravidez porque o feto estava na posição errada dentro do útero. Ela até queria ter o filho, mas a dor era muito forte e ela passou a implorar aos médicos para fazerem o aborto. Como a não foi claramente resolvida no país - o aborto só é permitido em caso de risco de vida para a mulher, mas a decisão final acaba ficando nas mãos dos médicos - o hospital, com medo de um processo, não permitiu o aborto. A mulher e o feto acabaram morrendo. Isso mostra como uma clara, precisa e eficiente decisão sobre o assunto é urgente. No entanto, é um tema que, como eu disse, divide as pessoas.

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2 comentários:

  1. Olá Igor
    Seu texto sobre com certeza é um dos mais bem elaborados que li sobre o assunto , investigativo como todos deveriam ser, neutro, objetivo e humanista, leitura necessária para se ter uma noção mais clara a respeito do tema, só estranhei os poucos votos...Parabéns!
    A questão da punição divina sobre quem aborta influência nos traumas e outros problemas psicológicos, só que não deveria ter nada haver no meu ponto de vista...tem que haver é uma orientação mais clara a respeito do tema...
    abraço!

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  2. Olá amigo , bom dia , tudo bem com você ? Espero que sim!!
    Esse tema de fato é polêmico, deixarei o que penso sobre o assunto!
    Toda concepção é permitida por Deus tendo a necessidade do espírito reencarnar com finalidades as quais desconhecemos para o seu próprio bem.
    Interromper uma gravidez é uma decisão equivocada em 95% dos casos, pois não devemos decidir sobre uma vida que está sob nossa responsabilidade, se veio é porquê necessário seria vir!!!.
    Muitos afirmam "ah , mas não é uma vida ainda" ignorantemente, pois , a diferença entre eu e um feto 10 de segundos de vida é que eu tenho 36 anos e ele possui 10 segundos de vida.
    O espírito precisa reencarnar para vivenciar as experiências necessárias a sua reconstituição como ser.
    Quando esse direito lhe é subtraído arbitrariamente , ele retorna para o mundo espiritual com muita revolta e com vontade de vingar se , por isso, na maioria dos casos ocorrem uma obsediação grave nas pessoas que praticaram tal ato , isso no caso desses espíritos ,não serem elevados.
    No caso dos espíritos elevados , eles compreendem, embora lamentem um pouco. Está aí a diferença, nas estatísticas de pessoas que sofrem com vários distúrbios e outras já não sentem quase nada, depende da elevação espiritual do ser que iria reencarnar e , infelizmente a maioria não admite tal ato.
    Independentemente de pressão por terceiros, a decisão sempre será da pessoa e ,portanto, terá que responder por seus atos , assim são as leis imutáveis de Deus, justa e eficaz ,com o intuito de educar e jamais punir!!Um abraço , Luciano!!

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