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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mais quatro anos

Então, como a maioria dos leitores devem saber, presidente Barack Obama foi reeleito nos Estados Unidos, por 303 delegados contra 206 do oponente, até o momento. Agora o presidente terá grandes desafios para o segundo mandato e o principal é lidar com o déficit do país. Em política externa a situação não deve alterar tanto. A maior preocupação do presidente deverá ser a retirada das tropas do Afeganistão e impedir o avanço do Irã em obter uma bomba atômica.


Mapa do resultado eleitoral obtido em http://elections.nytimes.com/2012/results/president

O chamado "abismo fiscal" (fiscal cliff) refere-se aos incentivos fiscais instituídos no governo George W. Bush há 10 anos atrás, que são basicamente cortes de impostos aos mais ricos. Esses incentivos terminam no fim deste ano e Obama deverá negociar com um congresso nada favorável a reforma fiscal tão importante. A situação do partido democrata na casa dos representantes e no senado não alterou muito, eles continuam com o controle do senado, mas os republicanos controlam a outra casa. Baseado no primeiro mandato do presidente Obama não teve muito sucesso em negociar com a oposição.

Já no seu discurso da vitória, Barack disse estar aberto para sentar e conversar com a oposição para discutir políticas para o país, mas será eficiente? Os republicanos estão apresentando dificuldade em reconhecer a vitória do adversário e os democratas não estão agindo como vitoriosos também. Por um lado, os conservadores estão percebendo agora que os Estados Unidos mudou, que os votos de latinos, jovens menores de 30 anos, afrodescendentes e mulheres solteiras são determinantes para se ganhar uma eleição e que sua ideologia não são atrativas para esses grupos demográficos. E os democratas, para evitar atrito com a oposição, não estão defendendo tão arduamente como deveriam as propostas pelas quais foram eleitos. Lembremos que a última reforma fiscal em 2011 foi aprovada em cima da hora e isso preocupa investidores, fazendo o mercado recuar nesses dias após a eleição. É evidente que há outros fatores que ajudaram na queda do mercado financeiro, como a votação na Grécia do pacote de medidas de austeridade em meio a protestos. Mas o fracasso de um projeto de reforma fiscal nos Estados Unidos pode representar um corte de mais de 600 bilhões de dólares aos cofres do governo. Esse temor é suficiente para agências de análise reduzirem a avaliação da economia americana.



Os líderes dos outros países receberam a notícia com grande expectativa e parabenizaram o presidente reeleito. A presidente Dilma conversou com Obama pelo telefone por dez minutos e diz que espera estreitar ainda mais as relações com o país. Obama respondeu que admira o Brasil e espera continuar trabalhando para uma maior cooperação comercial entre os países. Mas a maior preocupação dos Estados Unidos internacionalmente é o Irã. O governo iraniano disse, em uma análise publicada no site do ministério de inteligência iraniano, que a política do partido democrata é diferente da de Israel e é mais tolerante do que a do partido republicano. A análise ressalta que, apesar das sansões impostas pelo governo americano ao governo de Teerã, os Estados Unidos estão muito atrás da Europa, porque esperam que a diplomacia resolva a discordância entre os países.

Vamos lembrar que no último debate durante a campanha, ambos os candidatos afirmaram enfaticamente que Israel é um dos únicos amigos dos Estados Unidos no Oriente Médio, porque o Paquistão não está agindo como amigo ultimamente, e que a América estaria do lado de Israel. E a política israelense está cada vez mais hostil em relação ao Irã. É verdade que a política de Obama é utilizar força militar somente em último caso, porque a economia americana não suportaria os gastos com mais uma guerra e nem os eleitores de Obama querem isso, mas Israel não cansa de afirmar que estão prontos para lançar um ataque ao Irã, como eles afirmaram no discurso na ONU.

A reeleição de Obama não foi uma eleição na expectativa de mudança e esperança, como foi sua eleição em 2008, mas em um sentimento de oposição às políticas conservadoras da oposição. Exemplo disso é que juntamente com a reeleição do presidente, a maconha também foi legalizada em dois estados americanos, Washington e Colorado, que, apesar dos democratas ter ganho nas últimas duas eleições nesse estado, é tradicionalmente conservador. Isso reflete uma significativa mudança demográfica nos Estados Unidos. Com mais latinos, afrodescendentes, mulheres independentes, tradicionais minorias em geral tendo maior participação política na sociedade. O discurso da extrema direita, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, está descontextualizado com a realidade mundial. Aqui no Brasil mesmo, partidos de direita estão percebendo que terão de adequar seus discursos se quiserem ganhar eleições.  

Um comentário:

  1. Realmente, é esperar para ver o que vai acontecer durante os próximos 4 anos, ele não fez seu discurso baseado em "mudança e esperança" mas pelo menos não prometeu milagres nem guerras! ;)

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