Em 1823, enquanto discursava perante
o congresso norte-americano, o presidente James Monroe proferiu as seguintes
palavras:
"Julgamos
propícia
esta ocasião
para afirmar, como um princípio
que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes
americanos, em virtude da condição
livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no
futuro, como suscetíveis
de colonização
por nenhuma potência
européia..."
Estava lançada o fundamento teórico que justificaria a intervenção dos Estados Unidos nos demais países da América. Na época essa sentença não passou disso, uma justificava teórica, já que os EUA não eram a potência militar que são hoje. Já em 1901 o então vice-presidente Theodore Roosevelt
se valeu de um provérbio
africano para expressar a doutrina imperialista americana.
"fale
com suavidade e tenha à
mão
um grande porrete"
Esse foi o início da política conhecida como Big stick(Grande porrete).
Durante a Segunda Guerra Mundial,
quando o poder militar americano se torna expressivo, essas doutrinas podem ser
colocadas efetivamente em prática.
Em 1943 o governo estadunidense estabelece a Quarta Frota dos Estados Unidos -
uma divisão
da Marinha responsável
por patrulhas no Atlântico
Sul para proteger os países
do continente americano contra ataques alemães. Em 1950 ela foi desabilitada
devido ao fim da guerra.
No período da guerra fria o imperialismo
americano se fez através
das políticas
de proteção
contra o comunismo financiando ditaduras em vários países, inclusive o Brasil, e através da expansão da sua cultura e estilo de vida. Na
subsequente era pós
queda da URSS, em que as ditaduras foram sendo substituídas por governos neoliberalistas, os
Estados Unidos incentivaram a livre circulação de capitais, o que fez com que
investidores buscassem lucros rápidos
com as altas taxas de juros dos países
em desenvolvimento e retirassem o dinheiro deles o mais rápido possível. Isso deixava as economias desses
países em grande déficit, o que os fizeram dependentes
do capital externo, e levou às
crises do final do século
XX. Diante desse cenário,
seguindo as ideias do liberalismo, os governos assumiram uma posição passiva, expressadas nas medidas de
vendas de empresas nacionais para multinacionais.
Agora, no início do século XXI, cresceu nos países da América Latina governos chamados
populistas que, apesar de não
terem uma política
completamente anti-americana, demonstram preocupar-se com o desenvolvimento,
erradicação
da pobreza e maior justiça
social. Essas atitudes muitas vezes são
contrárias
aos interesses americanos ma região.
O governo Bush tentou reassumir uma posição
dominante realizando guerras contra o terrorismo. Uma forma de mostrar aos
outros países
quem é
que manda, usando o medo diante do seu poderio militar. Quem é o verdadeiro terrorista agora?
Contudo, essa tática
fracassou terrivelmente. O Iraque não
tinha planos secretos de desenvolvimento de bombas atômicas, os reais objetivos da guerra não eram mistério para ninguém e os altos custos da guerra,
somados às
más políticas econômicas, levaram os Estados Unidos a
uma crise financeira. No final, eles saíram
mais enfraquecidos e com uma imagem pior do que antes.
Enquanto a américa se afundava nessas políticas desastrosas, as políticas dos novos governos latinos
mostrava resultados muito melhores, principalmente no Brasil. Este país ganha cada vez mais destaque na América do Sul e no mundo e, em algumas
situações,
assume posições
contrárias
às norte-americanas,
como na questão
do Irã.
Em outros países,
como a Venezuela e a Bolívia,
governos de esquerda com políticas
anti-americanas claras surgem nesse período.
Em suma, a influência
política dos EUA sobre
a américa latina decai.
A influência
econômica diminui também. No caso brasileiro, o país conseguiu reduzir sua dependência do capital externo, o que
proporcionou vantagem no período
de crise, reduzindo seus efeitos por aqui. Isso também serviu para aumentar o destaque
dessa nação
no cenário
mundial.
No entanto os Estados Unidos não pensam: "pô, vamos deixar eles em paz e cuidar
da nossa própria
vida, a gente já
tá muito
fudido.". Não,
não, se a influência política e econômica não funcionam mais, vamos usar o que
sempre funcionou: o Grande Porrete. Bases militares americanas em países com governos favoráveis estão sendo ou (re)ativadas ou
aumentadas. O Pentágono
detém bases na Colômbia, Peru, Paraguai e Chile, mas
essas não
são as piores. Com a
justificativa de assistência
à possíveis catástrofes, Washington cria novas bases
denominando-as "Localização
Cooperativa de Segurança"
ou "Localização
Adiantada Operativa".
A mais polêmica manobra imperialista americana
foi reativar em 2008 a Quarta Frota dos Estados Unidos. Mas espera aí, essa frota não era para proteger contra ataques
alemães? Estamos em
guerra novamente? Não,
claro que não,
segundo o governo estadunidense a frota serve para defesa dos países latinos, combate ao narcotráfico, manutenção da paz, porque o maior interesse
dos EUA é
a paz mundial. Ah não,
essas são
as concorrentes a Miss Universo. A reativação
desta só
pode ter um objetivo: combater as ameaças
INTERNAS à
hegemonia americana, afinal ameaças
externas são
praticamente inexistentes. Os Estados Unidos estão cercando os países com políticas contrárias aos seus interesses tanto por
terra quanto por mar.
Vemos essa nova política imperialista americana
expressada no recente golpe político
no Paraguai. Esse golpe foi uma mensagem aos seus opositores do que eles estão dispostos a fazer, principalmente
ao Brasil. No próximo
artigo discutirei como isso se deu.
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