Quando vemos as operações policiais
contra os traficantes, principalmente nas favelas do Rio de Janeiro, inflama na
sociedade o sentimento de que criminosos devem ser punidos – isso na maioria
das vezes significa que devam ser mortos – e, principalmente, que essas
operações trarão segurança para a cidade. Mas, quais os reais resultados dessa
guerra de décadas contra as drogas ilícitas e mais qual o verdadeiro efeito que
o uso delas causa no organismo humano?
Essas perguntas têm sido muito
mal respondidas e a maioria das pessoas desconhece os verdadeiros efeitos e
perigos que as drogas causam. Os seres humanos sempre usaram algum tipo de
psicodélicos na vida, não existe uma única pessoa que nunca usou uma droga na
vida. A droga exerceu, e ainda exerce, um papel fundamental na sociedade
humana, principalmente em rituais religiosos, para entretenimento e por
questões de saúde. Já imaginou um casamento sem álcool, um sacerdote indígena
tendo revelações sem usar uma droga psicodélica ou alguém com dor sem usar um
analgésico? Contudo, existem drogas que são condenadas pela opinião pública,
dizem que viciam e podem colocar o usuário e as pessoas próximas em risco.
Quanto dessa informação é realmente verdadeira? Em que estudos científicos elas
se baseam?
O maior vilão atual, tirando o
cigarro que apesar de ser legalizado seus usuários sofrem duras restrições ao
seu uso, é a maconha. Até recentemente, usuários de drogas eram tratados como
criminosos e estavam sujeitos a punições legais. Na formulação do novo Código
Penal, assim como nas recentes decisões dos tribunais, usuários não serão mais
criminalizados. O que é preciso enteder é que a guerra ao tráfico, como vem
sendo abordada, mostrou-se ineficaz. Conquistas de morros por policiais e
militares são mostradas como grande vitória, mas não fizeram a criminalidade
diminuir, só a fez aumentar em outros locais. Caçar criminosos como animais não
é a solução e muito menos é tratar usuários como criminosos. Países como Suécia
há alguns anos passaram a tratar usuários como casos de saúde pública e, ao
invés de prendê-los, disponibilizam locais devidamente higienizados para
consumo de drogas com menos riscos à saúde. O que no Brasil seria visto como
uma política para ajudar vagabundos. Na Holanda o consumo da maconha foi
permitido e nem por isso o país se degenerou para um antro de drogados.
Vítimas da guerra ao tráfico. Tem que haver uma maneira melhor do que essa. |
Você pode perguntar: mas usar
drogas não faz mal para a saúde? Por que deveria ser permitido algo que faz mal
para você? Como eu já disse no início do texto, não existe uma única pessoa que
não usou droga na vida. Você acha que a aspirina que você ingere para curar
aquela dor de cabeça do estresse diário é menos nociva do que a cocaína? Bem,
pense de novo, porque o princípio ativo de que é feita a aspirina é justamente
a cocaína. Como qualquer médico irá te dizer, todo medicamento, se usado em
dosagens inadequadas a você, pode ser fatal. A mesma coisa vale para as drogas
psicoativas. Portanto, a questão não é ter medo do seu efeito e repudiá-las
totalmente, o ponto é aprender a conviver com elas e com seus usuários. Estudos
mostram que a maconha é, comparativamente, menos prejudicial do que o tabaco e
o álcool, e que, se corretamente usada, uma pessoa adulta dificilmente sofrerá
algum efeito colateral. Mas é lógico que ninguém ouve falar desses estudos,
porque os cientistas que os fazem são rigidamente sensurados pela comunidade
científica e pelos governos.
Os efeitos medicinais da
maconha já são conhecidos, tanto é que em alguns locais ela já vem sendo
empregada para reduzir os efeitos da quimioterapia durante o tratamento de
câncer. Porém, sua utilidade transcede o uso medicinal, e também o recreativo. A
maconha pode ser usada na produção de cremes e loções – importantes na
indústria de cosméticos, bio-plástico pode ser feito a partir dessa plantas
também. Feiras dedicadas a esse assunto, e a mostrar as novas possibilidades do
uso da planta, são realizadas em vários países na Europa.
Refrigerantes a base da maconha |
Hidratante a base de maconha. |
O que é preciso são verdareiras camapnhas de conscientização da população sobre os reais efeitos das drogas. Algumas continuam ilegais porque as pessoas não são devidamente informadas sobre elas e recebem informações erradas e manipuladas. A guerra ao tráfico como ação policial fracassou, é um custo excessivo, não só de dinheiro, mas de vidas também.
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Se você quiser saber mais recomendo esse documentário, dividido em 6 partes.
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