Mais um dia do julgamento do mensalão ocorreu sexta-feira, dia 3 de
agosto, foi marcado pela arguição
do Procurador-geral fazendo a acusação
dos réus.
Pontos principais do seu pronunciamento ele caracteriza José Dirceu como mentor do esquema e, em
suas palavras, nada acontecia sem o conhecimento e aprovação do, então, ministro da casa civil. No
restante do pronunciamento foi traçado
o quadro geral do esquema, como ele funcionava e qual era o papel dos demais
acusados, principalmente, Marcos Valério,
Delúbio Soares e José Genoíno.
Procurador-geral Gurgel durante o julgamento sexta |
O esquema funcionava na concessão de empréstimos fora do sistema bancário que a princípio foi dito ser destinado a pagar dívidas eleitorais. No início houve o temor por parte dos
funcionários
do Banco Real de que o empréstimo
não fosse pago,
porque não
havia nenhuma garantia, nenhum contrato, estava tudo sendo feito à margem do sistema financeiro
nacional. Foi garantido que mesmo que Genoíno
não fosse mais o
tesoureiro do PT, uma pessoa importante no ministério do governo sabia do empréstimo e garantiria seu pagamento.
Isso mostra o importante papel de Dirceu no caso.
A corrupção funcionava com uma pessoa,
previamente indicada por algum alto diretor do PT, chegava à agência do Banco Real, em Brasília, em Belo Horizonte ou em São Paulo, uma pessoa na agência lhe dava o dinheiro e ele o
entregava ao PT. Segundo o procurador nenhum gerente das agências sabiam do que estava
acontecendo. Um importante fato é
que não
era usado os meios do sistema bancário,
como transferência
ou deposito, tudo era feito em dinheiro, para não ter nenhum comprovante das operações. Dado o elevado valor das transações era de se esperar que usassem
esses meios, especialmente se não
fosse nada criminoso, mas não, tudo foi feito em dinheiro. Dado o
elevado valor, milhões
de reais, eram usados policiais e carros fortes para transportar o dinheiro.
Depois o procurador falou sobre o
papel dos demais réus.
Empresas foram usadas para lavar o dinheiro, que foi usado, como sabe-se, para
a compra de votos dos parlamentares e não
para cobrir gastos de campanha eleitoral. Uma das versões da defesa questionada pelo
Procurador foi a de que o dinheiro foi dado aos outros partidos para cobrir
honorários
de advogados, o que é
um absurdo, como ressaltou o Procurador, já
que vários
dos processos que os outros partidos estavam respondendo eram originados do próprio PT. Além disso, nenhuma entrada desse
dinheiro foi contabilizada nos livros de caixa dos partidos. Tudo para não deixar rastros.
Ao fim do pronunciamento, o advogado
do réu Marcos Valério pede a palavra para apresentar
uma questão
de ordem no direito constitucional de paridade de armas do seu cliente, já que, como alegou, o seu nome foi
mencionado 193 vezes pelo procurador. Como disse o presidente do STF a corte já decidiu que dar um tempo maior à acusação não iria ferir a paridade de armas,
dado o número
expressivo de réus.
Então não é provável que a sessão de hoje seja tomada por essa questão de ordem. O julgamento agora será marcado pelo pronunciamento da
defesa que, a princípio,
cada advogado terá
uma hora para fazer a arguição.
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