Lembro de em 2007 ler no jornal
o que foi considerado uma das maiores vitórias da justiça até então. O relator
do processo do mensalão, o ministro do STF Joaquim Barbosa, e todos os outros
ministros aprovaram o início do processo contra os 40 acusados de receberem o
famoso mensalão entre outros crimes. Hoje, cinco anos depois, esse julgamento
entra na reta final e espero ver um julgamento justo e a justiça sendo feita
aos verdadeiramente culpados.
Ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão |
Tudo começou em 2005 quando,
acuado por recentes revelações da mídia sobre a corrupção nos correios, o então
deputado federal Roberto Jefferson presidente do PTB, revelou a existência do
que chamou de mensalão – pagamento mensal
realizado pelos dirigentes do PT aos deputados para votarem a favor de seus
projetos. Jefferson acusa o na época Ministro da Casa Civil, José Dirceu, de
ser o idealizador do esquema. A partir dessa denúncia várias CPIs foram
instauradas para investigar o caso, mandatos de deputados foram cassados
incluindo os de Roberto Jefferson e José Dirceu e, por fim, o STF aceitou a
denúncia dos acusados denunciados por crimes como formação de quadrilha,
peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta e evasão de
divisas.
Roberto Jefferson, delator do escândalo |
José Dirceu, acusado de ser o mentor do mensalão |
Outros personagens importantes
nesse escândalo foram Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, e José Genoíno –
presidente do PT – que, segundo depoimento de Marcos Valério, do próprio
Delúbio e extratos bancários, pagou R$ 55 milhões a 18 parlamentares. Valério
era um publicitário de Minas Gerais que recorria a empréstimos para acobertar essa
passagem de dinheiro. Em um primeiro momento todos os acusados negaram
sistematicamente todas as acusações, mas logo que evidências foram surgindo
eles passaram a defender a tese que esses repasses de dinheiro eram acertos de
contas da campanha eleitoral.
O presidente Lula ficou famoso
pela sua defesa “eu não sabia de nada”. Roberto Jefferson declarou que, no
mínimo, o ex-presidente foi conivente com o caso, deixando-o ocorrer já que
havia sido informado sobre o mesmo. Já segundo o deputado Valdemar Costa Neto
ele não só sabia do caso mas como participou de vários encontros de repasses de
verbas junto com Dirceu, Delúbio e José Alencar. A popularidade do ex-chefe de
Estado era alta demais o que possibilitou sua reeleição no meio dessa crise, no
segundo mandato seus programas sociais começaram a dar resultados e o seu envolvimento
no escândalo foi “esquecido”.
Esse foi um período negro sem
precedente na história brasileira, a reputação do senado foi gravemente abalada,
presidentes da Casa caiam um atrás do outro. O papel do STF nesse julgamento
mostrará a força da democracia brasileira e definirá um importante precedente
para a moralização da política. É necessário um julgamento justo, sem uma caça
às bruxas, do qual a verdade venha à tona. Eu sei que muitos defendem que todos
sejam condenados, mas como ressaltei no texto A guerra que já foi longe demais – Parte 2 não é assim que se faz
justiça.
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