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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um pouco de história: o imperialismo norte-americano


Em 1823, enquanto discursava perante o congresso norte-americano, o presidente James Monroe proferiu as seguintes palavras:

"Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência européia..."

Estava lançada o fundamento teórico que justificaria a intervenção dos Estados Unidos nos demais países da América. Na época essa sentença não passou disso, uma justificava teórica, já que os EUA não eram a potência militar que são hoje. Já em 1901 o então vice-presidente Theodore Roosevelt se valeu de um provérbio africano para expressar a doutrina imperialista americana.

"fale com suavidade e tenha à mão um grande porrete"

Esse foi o início da política conhecida como Big stick(Grande porrete).



Durante a Segunda Guerra Mundial, quando o poder militar americano se torna expressivo, essas doutrinas podem ser colocadas efetivamente em prática. Em 1943 o governo estadunidense estabelece a Quarta Frota dos Estados Unidos - uma divisão da Marinha responsável por patrulhas no Atlântico Sul para proteger os países do continente americano contra ataques alemães. Em 1950 ela foi desabilitada devido ao fim da guerra.

No período da guerra fria o imperialismo americano se fez através das políticas de proteção contra o comunismo financiando ditaduras em vários países, inclusive o Brasil, e através da expansão da sua cultura e estilo de vida. Na subsequente era pós queda da URSS, em que as ditaduras foram sendo substituídas por governos neoliberalistas, os Estados Unidos incentivaram a livre circulação de capitais, o que fez com que investidores buscassem lucros rápidos com as altas taxas de juros dos países em desenvolvimento e retirassem o dinheiro deles o mais rápido possível. Isso deixava as economias desses países em grande déficit, o que os fizeram dependentes do capital externo, e levou às crises do final do século XX. Diante desse cenário, seguindo as ideias do liberalismo, os governos assumiram uma posição passiva, expressadas nas medidas de vendas de empresas nacionais para multinacionais.

Agora, no início do século XXI, cresceu nos países da América Latina governos chamados populistas que, apesar de não terem uma política completamente anti-americana, demonstram preocupar-se com o desenvolvimento, erradicação da pobreza e maior justiça social. Essas atitudes muitas vezes são contrárias aos interesses americanos ma região. O governo Bush tentou reassumir uma posição dominante realizando guerras contra o terrorismo. Uma forma de mostrar aos outros países quem é que manda, usando o medo diante do seu poderio militar. Quem é o verdadeiro terrorista agora? Contudo, essa tática fracassou terrivelmente. O Iraque não tinha planos secretos de desenvolvimento de bombas atômicas, os reais objetivos da guerra não eram mistério para ninguém e os altos custos da guerra, somados às más políticas econômicas, levaram os Estados Unidos a uma crise financeira. No final, eles saíram mais enfraquecidos e com uma imagem pior do que antes.

Enquanto a américa se afundava nessas políticas desastrosas, as políticas dos novos governos latinos mostrava resultados muito melhores, principalmente no Brasil. Este país ganha cada vez mais destaque na América do Sul e no mundo e, em algumas situações, assume posições contrárias às norte-americanas, como na questão do Irã. Em outros países, como a Venezuela e a Bolívia, governos de esquerda com políticas anti-americanas claras surgem nesse período. Em suma, a influência política dos EUA sobre a américa latina decai. A influência econômica diminui também. No caso brasileiro, o país conseguiu reduzir sua dependência do capital externo, o que proporcionou vantagem no período de crise, reduzindo seus efeitos por aqui. Isso também serviu para aumentar o destaque dessa nação no cenário mundial.

No entanto os Estados Unidos não pensam: "pô, vamos deixar eles em paz e cuidar da nossa própria vida, a gente já tá muito fudido.". Não, não, se a influência política e econômica não funcionam mais, vamos usar o que sempre funcionou: o Grande Porrete. Bases militares americanas em países com governos favoráveis estão sendo ou (re)ativadas ou aumentadas. O Pentágono detém bases na Colômbia, Peru, Paraguai e Chile, mas essas não são as piores. Com a justificativa de assistência à possíveis catástrofes, Washington cria novas bases denominando-as "Localização Cooperativa de Segurança" ou "Localização Adiantada Operativa".

A mais polêmica manobra imperialista americana foi reativar em 2008 a Quarta Frota dos Estados Unidos. Mas espera aí, essa frota não era para proteger contra ataques alemães? Estamos em guerra novamente? Não, claro que não, segundo o governo estadunidense a frota serve para defesa dos países latinos, combate ao narcotráfico, manutenção da paz, porque o maior interesse dos EUA é a paz mundial. Ah não, essas são as concorrentes a Miss Universo. A reativação desta só pode ter um objetivo: combater as ameaças INTERNAS à hegemonia americana, afinal ameaças externas são praticamente inexistentes. Os Estados Unidos estão cercando os países com políticas contrárias aos seus interesses tanto por terra quanto por mar.

Vemos essa nova política imperialista americana expressada no recente golpe político no Paraguai. Esse golpe foi uma mensagem aos seus opositores do que eles estão dispostos a fazer, principalmente ao Brasil. No próximo artigo discutirei como isso se deu. 

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