Páginas

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A guerra que já foi longe demais


Quando vemos as operações policiais contra os traficantes, principalmente nas favelas do Rio de Janeiro, inflama na sociedade o sentimento de que criminosos devem ser punidos – isso na maioria das vezes significa que devam ser mortos – e, principalmente, que essas operações trarão segurança para a cidade. Mas, quais os reais resultados dessa guerra de décadas contra as drogas ilícitas e mais qual o verdadeiro efeito que o uso delas causa no organismo humano?

Essas perguntas têm sido muito mal respondidas e a maioria das pessoas desconhece os verdadeiros efeitos e perigos que as drogas causam. Os seres humanos sempre usaram algum tipo de psicodélicos na vida, não existe uma única pessoa que nunca usou uma droga na vida. A droga exerceu, e ainda exerce, um papel fundamental na sociedade humana, principalmente em rituais religiosos, para entretenimento e por questões de saúde. Já imaginou um casamento sem álcool, um sacerdote indígena tendo revelações sem usar uma droga psicodélica ou alguém com dor sem usar um analgésico? Contudo, existem drogas que são condenadas pela opinião pública, dizem que viciam e podem colocar o usuário e as pessoas próximas em risco. Quanto dessa informação é realmente verdadeira? Em que estudos científicos elas se baseam?




O maior vilão atual, tirando o cigarro que apesar de ser legalizado seus usuários sofrem duras restrições ao seu uso, é a maconha. Até recentemente, usuários de drogas eram tratados como criminosos e estavam sujeitos a punições legais. Na formulação do novo Código Penal, assim como nas recentes decisões dos tribunais, usuários não serão mais criminalizados. O que é preciso enteder é que a guerra ao tráfico, como vem sendo abordada, mostrou-se ineficaz. Conquistas de morros por policiais e militares são mostradas como grande vitória, mas não fizeram a criminalidade diminuir, só a fez aumentar em outros locais. Caçar criminosos como animais não é a solução e muito menos é tratar usuários como criminosos. Países como Suécia há alguns anos passaram a tratar usuários como casos de saúde pública e, ao invés de prendê-los, disponibilizam locais devidamente higienizados para consumo de drogas com menos riscos à saúde. O que no Brasil seria visto como uma política para ajudar vagabundos. Na Holanda o consumo da maconha foi permitido e nem por isso o país se degenerou para um antro de drogados.


Vítimas da guerra ao tráfico. Tem que haver uma maneira melhor do que essa.


Você pode perguntar: mas usar drogas não faz mal para a saúde? Por que deveria ser permitido algo que faz mal para você? Como eu já disse no início do texto, não existe uma única pessoa que não usou droga na vida. Você acha que a aspirina que você ingere para curar aquela dor de cabeça do estresse diário é menos nociva do que a cocaína? Bem, pense de novo, porque o princípio ativo de que é feita a aspirina é justamente a cocaína. Como qualquer médico irá te dizer, todo medicamento, se usado em dosagens inadequadas a você, pode ser fatal. A mesma coisa vale para as drogas psicoativas. Portanto, a questão não é ter medo do seu efeito e repudiá-las totalmente, o ponto é aprender a conviver com elas e com seus usuários. Estudos mostram que a maconha é, comparativamente, menos prejudicial do que o tabaco e o álcool, e que, se corretamente usada, uma pessoa adulta dificilmente sofrerá algum efeito colateral. Mas é lógico que ninguém ouve falar desses estudos, porque os cientistas que os fazem são rigidamente sensurados pela comunidade científica e pelos governos.

Os efeitos medicinais da maconha já são conhecidos, tanto é que em alguns locais ela já vem sendo empregada para reduzir os efeitos da quimioterapia durante o tratamento de câncer. Porém, sua utilidade transcede o uso medicinal, e também o recreativo. A maconha pode ser usada na produção de cremes e loções – importantes na indústria de cosméticos, bio-plástico pode ser feito a partir dessa plantas também. Feiras dedicadas a esse assunto, e a mostrar as novas possibilidades do uso da planta, são realizadas em vários países na Europa.

Refrigerantes a base da maconha



Hidratante a base de maconha.


O que é preciso são verdareiras camapnhas de conscientização da população sobre os reais efeitos das drogas. Algumas continuam ilegais porque as pessoas não são devidamente informadas sobre elas e recebem informações erradas e manipuladas. A guerra ao tráfico como ação policial fracassou, é um custo excessivo, não só de dinheiro, mas de vidas também. 


_______________________________________


Se você quiser saber mais recomendo esse documentário, dividido em 6 partes.



Nenhum comentário:

Postar um comentário