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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A morte do sonho americano

O sonho americano, como todos devem ter uma vaga noção, consiste na ideia de que os Estados Unidos é uma terra de oportunidades, um local onde qualquer pessoa, independentemente da sua classe social ou das condições de seu nascimento, pode alcançar uma vida de sucesso e, até mesmo, se tornar o presidente do país. O sonho americano está firmado na Declaração de Independência dos Estados Unidos, ao proclamar todos os homens iguais e dotados de certos direitos, como vida, liberdade e a busca pela felicidade. O corolário dessa crença é de que qualquer pessoa pode alcançar o sucesso através do próprio esforço, o self-made-man, e o culpado de um eventual fracasso é o próprio indivíduo. Contudo, o sucesso está estritamente relacionado com o sucesso financeiro, não admitindo-se nenhuma alternativas a não ser a acumulação de bens.



Além desse lado materialista do sonho americano encontra-se uma contraparte positiva e idealista com raízes na excessiva confiança no poder do homem de transformar a realidade social e natural ao seu redor. Então, o sonho americano apresenta-se com duas faces, de um lado o individualismo baseado na autoconfiança exagerada e, por outro lado, na ideologia capitalista, também centrada no individualismo, sucesso material e na importância exagerada na profissão que exerce. 

Exemplos de self-made men são inúmeros, abaixo veja a história de alguns deles.




Abraham Lincoln nasceu em uma casa de um cômodo, filho de pais analfabetos, chegou à presidência dos Estados Unidos e ficou famoso por conceder liberdade ao escravos. Lincoln recebeu apenas 18 horas de educação formal, sendo completamente auto-didata. Na sua casa havia apenas um livro, a Bíblia, que ele estudou minuciosamente. Ele se ensinou Direito e se tornou um advogado de sucesso em Illinois.









Walt Disney o criado do "lugar mais feliz na Terra" não teve uma infância tão fortunada assim. Seu pai não tinha um emprego fixo e vivia dependendo da ajuda do seu irmão, além disso, era um homem violento que constantemente abusava da família. Aos 16 anos ele largou a escola para servir na primeira guerra mundial. Depois da guerra ele foi trabalhar criando anúncios, mas era fascinado por animação, então abriu seu próprio estúdio. Como faltava-lhe habilidades administrativas o negócio foi à falência. Ele então abriu outro estúdio em Hollywood e começou a criar vários personagens que viriam a ser um sucesso, como Pato Donald, Pluto, Pateta. Seu sucesso veio quando lançou um filme totalmente em animação, algo que todos achavam que iria ser um colossal fracasso. 






Henry Ford, poucas pessoas podem se orgulhar de terem revolucionado a maneira de viver de toda uma sociedade e ainda assim teve uma origem tão humilde. Nasceu em uma fazenda perto de Detroit, seu pai queria que ele assumisse a fazenda, mas seu interesse por mecânica o levou para longe. Aos 16 anos foi ser aprendiz de mecânico; retornou para a fazenda mais tarde, mas novamente foi embora para seguir seu sonho. Ford não só criou o carro motorizado, que por si só seria uma revolução, ele criou um novo modelo de produção que leva seu nome, Fordismo, que foi responsável por decisivamente aumentar a produtividade das fábricas. 



E não podia faltar o mais recente exemplo de self-made man, Barack Obama.



Nascido no Hawaii, filho de uma mãe branca e um pai queniano - que ele viu apenas duas vezes na vida. Formou-se pela Universidade Columbia, trabalho por três anos em Chicago, depois ingressou na faculdade de direito de Harvard, se tornando o primeiro afro-americano a se tornar presidente do Harvard Law Review. Trabalhou por doze anos como professor de direito, foi eleito para a Casa dos Representantes em 1996 e para o Senado em 2004. E, como todos devem saber, foi eleito presidente em 2009, como o primeiro afro-americano a ser eleito presidente dos Estados Unidos da América.


Atualmente o sonho americano está desacreditado, em parte pela nova ideologia de sucesso rápido e fácil, sem a necessidade do trabalho, e em parte também, pelos grandes exemplos de pessoas que fracassaram no sonho americano, contrapostos com a pequena quantidade dos sucessos. Um honesto  e árduo trabalhador que só consegue ganhar 20,000 por ano, não entende quando pessoas bem sucedidas dizem coisas como, você pode conseguir o sucesso apenas trabalhando duro. Ainda mais quando isso é colocado em contraste com os exemplos de sucessos fáceis, como cantores sem talentos, artistas de cinema, etc. A sociedade baseada na beleza, que se você não nasce com certas características, e não pode mudar cirurgicamente, você está condenado ao fracasso.

Não só essa dificuldade ideológica, existe também a real dificuldade econômica. A desigualdade entre ricos e pobres nos Estados Unidos está apenas aumentando e a mobilidade social está estagnada. Nascer em uma família rica agora é determinante para ter sucesso na vida. Nem sempre foi assim, até a década de 1980 um processo simples se você queria sair da classe média baixa e ir para classe média alta, você estudava, formava em um curso superior, comprava uma casa e estava feito. No entanto, os custos com educação, saúde e habitação aumentaram tanto para a classe média, que atualmente, este é o processo para você sair da classe média alta para a baixa. Estudantes estão ficando endividados por até cinco anos após concluírem o curso superior e muitos estão voltando para a casa dos pais e trabalhando no McDonalds porque não encontram emprego. E eles não encontram emprego porque as indústrias transferiram suas fábricas para países como a China, onde exploram mão-de-obra barata e maiores incentivos fiscais para poderem lucrar mais. Além disso, os 1% mais ricos da américa nunca pagaram tão pouco em impostos, o que sobrecarrega a classe média e faz o vácuo entre os ricos e os pobres só crescer.

O sonho americano pode estar morto, mas ele foi espalhado para o resto do mundo. Precisamos criar o nosso próprio sonho brasileiro agora, algo que não envolva apenas futebol, ou o jeitinho brasileiro. Abraçar a ideia de que trabalhar é bom e a única maneira de alcançar o sucesso. Desprender a ideia de que sucesso significar ser um milionário, uma professora que consegue a atenção de uma sala de aula e consegue mudar o destino de algumas crianças que poderiam se tornar futuros traficantes de drogas é um sucesso também, mesmo ganhando 700 reais por mês.

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À procura da felicidade
Will Smith estrela esta história inspirada em fatos reais sobre Chris Garner, um vendedor de São Francisco que vive no limite da linha da pobreza. Quando sua mulher Linda (Thandie Newton) o abandona, Chris deve criar sozinho o filho deles de 5 anos, Christopher (Jaden Smith). A determinação de Chris finalmente surte efeito quando ele arruma um estágio sem remuneração em um programa ultra-competitivo de analista financeiro, em que somente um em cada vinte candidatos consegue ser efetivado. Mas sem salário, Chris e seu filho são despejados do apartamento em que vivem e são forçados a dormir nas ruas, em abrigos comunitários e até mesmo em banheiros das estações de metrô. Com determinação, amor e a confiança de seu filho, Chris Gardner dá a volta por cima para se tornar uma lenda em Wall Street.


The great divergence
For the past three decades, America has steadily become a nation of haves and have-nots Our incomes are increasingly unequal This steady growing apart is often mentioned as a troubling indicator by scholars and policy analysts, though seldom addressed by politicians What economics Nobelist Paul Krugman terms the Great Divergence has till now been treated as little more than a talking point, a rhetorical club to be wielded in ideological battles But this Great Divergence may be the most important change in this country during our lifetimes-a drastic, elemental change in the character of American society, and not at all for the better The inequality gap is much more than a left-right hot potato-its causes and consequences call for a patient, non-partisan exploration Timothy Noah's The Great Divergence, based on his award-winning series of articles for Slate, surveys the roots of the wealth gap, drawing on the best thinking of contemporary economists and political scientists Noah also explores potential solutions to the problem, and explores why the growing rich-poor divide has sparked remarkably little public anger, in contrast to social unrest that prevailed before the New Deal The Great Divergence is poised to be one of the most talked-about books of 2012, a jump-start to the national conversation about the shape of American society in the 21st century, and a work that will help frame the debate in a Presidential election year


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