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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A tragédia indígena no Brasil

Houve um tempo que o Brasil era habitado por, estima-se, cinco milhões de seres humanos. Eles eram muito adaptados ao ambiente e viviam de maneira livre e harmônica com a natureza ao redor. Eles eram de uma inocência invejável, andavam nus pelas matas, caçavam, faziam uma pequena agricultura, retiravam da natureza apenas o essencial para sua sobrevivência. De repente chegaram homens vindos do outro lado do oceano e a primeira coisa que trouxeram foi uma cruz. Chamaram os habitantes de índios e disseram-lhes que era errado andarem nus, que seus deuses eram falsos, que sua cultura era estranha e que deveriam se converter à fé deles para serem salvos. Não que eles soubessem de que estavam sendo salvos. Depois eles vieram com mais pessoas e clamaram aquela terra, que já tinha habitantes, para eles. Tentaram usar os indígenas como escravos, mas perceberam que eles não estavam acostumados com isso. Usaram-nos para guerrear contra outras tribos de seu próprio povo e contra invasores de outros países e retribuíam a ajuda matando-os.



Os problemas com os índios no Brasil, sem dúvida, não começaram hoje. A sede insaciável por mais terras para agricultura e pecuária foi responsável tanto pelo desmatamento das florestas como também por dizimar diversas tribos indígenas, fazendo com que hoje eles não passem de 900 mil. Atrocidades marcaram a história do convívio dessas duas civilizações tão diferentes. Como o caso da vila de Caxias, no Maranhão, que, por volta do ano de 1816, fazendeiros com intenção de conseguir mais terras deram roupas de pessoas infectadas com o vírus da varíola para membros de uma tribo local, o que provocou a morte dos índios e liberou a terra para criação do gado. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_ind%C3%ADgenas_do_Brasil)

Nós, como uma sociedade, deveríamos ter evoluído desde os dias do descobrimento, ou mesmo desde o ano 1816, para uma sociedade mais justa e que respeitasse o direito dessa tão importante civilização, mas a realidade não mostra isso. Temos uma Constituição, chamada de Constituição cidadã, que claramente determina a demarcação e proteção das terras indígenas, mas em dez anos nada foi feito nesse sentido. A justiça federal determinando a expulsão dos indígenas, enquanto fazendeiros matam e molestam esse grupo indefeso. Eles dizem que perderam a fé na justiça brasileira e quando vemos ações como essas quem não perde?



Após a decisão da justiça, os índios Guarani-Kaiowá da comunidade Pyelito Kue publicaram uma carta que gerou controvérsia na mídia. Eles pedem para a justiça determinar a execução deles de uma vez, porque só mortos sairão da terra que ocupam. Algumas pessoas interpretaram essas falas como um plano de suicídio coletivo, dada a propensão desse povo a essa prática. Dados mostram que de 2000 para cá 555 desses índios cometeram suicídio, 70% eram homens de 15 a 29 anos. (Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/10/121024_indigenas_carta_coletiva_jc.shtml). Entretanto o sentido da carta não é para um suicídio coletivo e sim que eles morreram juntos lutando pela terra que defendem ser deles.

Houve um movimento de apoio aos índios nas redes sociais com repercussão até na impressa internacional. A luta pela demarcação das terras indígenas vem de muitos anos e a demora faz aumentar a tensão e os conflitos, tanto internos na comunidade, como entre indígenas e proprietários rurais. Este é o segundo maior grupo indígena do Brasil atualmente e está espalhado por várias regiões, mas concentram-se principalmente no Mato Grosso do Sul. Anos de conflito e pouco avanço dos políticos em demarcarem as suas terras, argumentam que são necessários mais estudos. Bem aqui vai um estudo, por séculos pessoas estão tentando dizer-lhes como viver sua vida, que sua fé está errada (acham que isso acabou há anos atrás? E o tanto de missionários que vão às tribos tentar converter os índios ao cristianismo até hoje?), por séculos estamos mantando-os com doenças e armas, talvez seja o momento de deixarmos eles em paz para viverem sua vida. Talvez seja a hora de realmente ajudar os verdadeiros donos dessa terra, de onde foram expulsos como invasores. Ou esse país não é um país de todos?

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Lendas de Amor
Os fenômenos da natureza, as árvores, os rios, as plantações e os animais, tudo pode ser explicado pelos índios com histórias de amor. É o caso de uma das histórias narradas nesse livro, em que a bela Naipi e seu amado Peri desafiam as tradições e o deus Cobra-grande e acabam criando as Cataratas do Iguaçu. Aqui o tema principal é o mundo mágico da cultura indígena, com base no qual se pode conhecer um pouco mais dos primeiros habitantes do Brasil.




Os brasileiros e os índios

Através de pesquisa de opinião pública, o autor busca respostas a várias questões relacionadas aos índios - discriminação, direito à terra, exploração, cultura. A aliança entre governo e sociedade é primordial para que se chegue a uma política favorável à causa indígena, sendo este livro mais uma contribuição ao debate das questões indigenistas no Brasil.






O índio brasileiro e a revolução francesa


Esgotado desde 1976, esta terceira edição de obra já considerada um clássico na historiografia brasileira conta com introduções de conhecidos especialistas, entre eles Sergio Paulo Rouanet. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a obra 'é erudita, original e brilhante análise do impacto da imagem do índio brasileiro no imaginário, na literatura e no pensamento europeus dos séculos XVI, XVII e XVIII'.



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