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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Primeira rodada de condenações do mensalão

No dia 30/08 o Supremo Tribunal Federal encerrou o primeiro ciclo de votos, confirmando a condenação dos réus João Paulo Cunha, Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e Henrique Pizzolato, e absolvendo o réu Luiz Gushiken por ausência de provas. Após o encerramento do julgamento desses réus, o Ministro Joaquim Barbosa iniciou a leitura do seu voto referente ao item cinco da denúncia, que trata das acusações de gestão fraudulenta dos diretores do Banco Rural.

Estas condenações em tal processo pode definir uma mudança significativa na política brasileira, trazendo mais ética e compromisso aos nossos representantes. A corrupção esteve presente na vida pública do Brasil desde muito cedo na sua história, uma mácula que os cidadãos deste país fizeram pouco para se livrar. É um momento de transformação não só da justiça, mas de toda a nossa sociedade, o momento que devemos renegar, de uma vez por todas, esta tradição maldita. E que melhor período para isso do que o período eleitoral.

O PT queria adiar o julgamento para não coincidi-lo com as eleições, porque tem candidatos que são réus do processo, como o João Paulo Cunha que foi condenado. Eu já acho o momento mais do que propício, e a atitude do relator de começar por estes réus louvável. A lei não proíbe que um réu seja candidato, mas um partido mais compromissado para o bem da sociedade deveria escolher melhor quem elege para disputar as eleições. Mesmo que o julgamento fosse adiado, não seria por quatro anos, e se o referido réu fosse eleito e depois condenado? 

Como eleitores também temos um papel importante nesse processo. O STF só pode condená-los depois que já cometeram os atos criminosos, nós temos o poder de colocá-los lá, então é nossa obrigação colocar pessoas mais capacitadas para que tais crimes não ocorram mais. De certa maneira os brasileiros estão acostumados com a corrupção e adotam uma postura passiva em relação a ela, como se fosse algo natural. Não é algo natural alguém desviar dinheiro público, não é algo natural um político só fazer obras em período de eleições, ou dar dinheiro em troca de votos. Resumindo, corrupção não é natural! Devemos expurgar essa prática não só da política, mas de todas as instâncias da vida pública. Devemos exigir ética dos políticos, mas também comportamos assim no dia-a-dia. 

Por último, o senso comum de que política não se discute, não podia ser mais incoerente com o nosso sistema democrático. Preferência política pode até ser indiscutível, mas política é mais abrangente do que isto. Toda a ideia de uma democracia é a livre discussão de ideias, não é porque duas opiniões são divergentes que seus opinadores não podem entrar em um consenso da melhor decisão a se tomar. É assim que política é feita. 

Que este seja o momento que colocamos um fim à impunidade na política brasileira, para que o Brasil possa realmente ser considerada uma nação do futuro. 

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