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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Julgamento do mensalão – dia 1


Ontem, dia 02 de agosto, aconteceu o primeiro dia do julgamento dos acusados do esquema do mensalão. O dia foi tomado pela questão de ordem apresentada pelo advogado Thomaz Bastos pedindo o desmembramento do caso retirando do julgamento os casos de pessoas que não tinham prerrogativa de serem julgados pelo STF. Isso provocou uma discussão entre os ministros Lewandowski, revisor do caso votou a favor do desmembramento, e Joaquim Barbosa, relator do processo votou contrário à questão de ordem.


Dr. Thomaz Bastos, requerente da questão de ordem


Houve importantes argumentos apresentados nessa longa discussão. Joaquim Barbosa, o primeiro a manifestar o voto, pediu agilidade na discussão da matéria devido ao fato dela já ter sido discutida três vezes. Seu pedido foi prontamente frustrado pelo ministro Lewandowski, que fez um voto extremamente longo. A maior preocupação encontrada pelo revisor foi de que submeter cidadãos que não têm previsão constitucional de serem julgados pelo STF a esse julgamento iria privá-los do direito ao recurso da decisão. Ele baseou-se em decisões passadas do tribunal e em tratados internacionais de direitos humanos e direito a um julgamento justo. Os ministros seguintes fizeram votos rápidos. Ressaltaram que o caso já havia sido julgado antes e votaram por manter a decisão anterior, de não desmembrar o caso. Ministro Peluzo ressaltou da importância de fechar essas brechas para questões de ordem para assegurar que o processo não fique estagnado resolvendo assuntos já resolvidos. Ressaltou-se que o réu ser julgado pelo STF não faz de seu julgamento injusto devido o carater do tribunal está no alto da hierarquia dos tribunais, além disso, tratados internacionais não têm maior autoridade do que a Constiuição. Ministro Gilmar Mendes disse que é importante notar que se não fosse o fórum privilegiado, se esse caso estivesse espalhado por outros tribunais, ele prescreveria antes de chegar a julgamento. O único ministro que acompanhou o voto do revisor foi Marco Aurélio.

Este primeiro dia de julgamento já mostra um ponto de divergência entre o relator e o revisor do caso e um inevitável adiamento no calendário previsto pelo tribunal. Contudo, é visível a intenção dos juízes de agilizarem o julgamento o máximo possível. Um exemplo dessa intenção foi o fato do presidente do STF Ministro Ayres Britto negar uma questão de ordem que já havia sido discutida anteriormente. Não pode ser priorizado agilidade em detrimento do julgamento justo, mas é preciso perceber que já será um julgamento longo, com muitos réus e ficar preso discutindo questões de ordem irá apenas levar à prescrição de alguns casos.

Assim como o plenário decidiu hoje o STF julgar cidadãos que não tinham fórum privilegiado previstos pela constuição não fere seus direitos. Se assim fosse a constituição seria inconstitucional ao prever o fórum previlegiado para alguns réus. O que é um absurdo dizer que a constituição é inconstitucional. O próximo dia do julgamento será marcado pelo pronunciamento do Procurado da República que tem cinco horas para fazer sua acusação, que ele não deve usar tudo no mesmo dia, espero ou eu vou dormir em frente à televisão. Depois cada advogado terá uma hora para defender seus cliente, então teremos, no total, 38 horas de arguição da defesa. Será um longo julgamento e se você já está entediado, volte a assistir Não Vale a Pena Ver Nenhuma Vez. 

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