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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O julgamento tão aguardado


Lembro de em 2007 ler no jornal o que foi considerado uma das maiores vitórias da justiça até então. O relator do processo do mensalão, o ministro do STF Joaquim Barbosa, e todos os outros ministros aprovaram o início do processo contra os 40 acusados de receberem o famoso mensalão entre outros crimes. Hoje, cinco anos depois, esse julgamento entra na reta final e espero ver um julgamento justo e a justiça sendo feita aos verdadeiramente culpados.


Ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão


Tudo começou em 2005 quando, acuado por recentes revelações da mídia sobre a corrupção nos correios, o então deputado federal Roberto Jefferson presidente do PTB, revelou a existência do que chamou de mensalão – pagamento mensal realizado pelos dirigentes do PT aos deputados para votarem a favor de seus projetos. Jefferson acusa o na época Ministro da Casa Civil, José Dirceu, de ser o idealizador do esquema. A partir dessa denúncia várias CPIs foram instauradas para investigar o caso, mandatos de deputados foram cassados incluindo os de Roberto Jefferson e José Dirceu e, por fim, o STF aceitou a denúncia dos acusados denunciados por crimes como formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta e evasão de divisas.


Roberto Jefferson, delator do escândalo


José Dirceu, acusado de ser o mentor do mensalão


Outros personagens importantes nesse escândalo foram Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, e José Genoíno – presidente do PT – que, segundo depoimento de Marcos Valério, do próprio Delúbio e extratos bancários, pagou R$ 55 milhões a 18 parlamentares. Valério era um publicitário de Minas Gerais que recorria a empréstimos para acobertar essa passagem de dinheiro. Em um primeiro momento todos os acusados negaram sistematicamente todas as acusações, mas logo que evidências foram surgindo eles passaram a defender a tese que esses repasses de dinheiro eram acertos de contas da campanha eleitoral.

O presidente Lula ficou famoso pela sua defesa “eu não sabia de nada”. Roberto Jefferson declarou que, no mínimo, o ex-presidente foi conivente com o caso, deixando-o ocorrer já que havia sido informado sobre o mesmo. Já segundo o deputado Valdemar Costa Neto ele não só sabia do caso mas como participou de vários encontros de repasses de verbas junto com Dirceu, Delúbio e José Alencar. A popularidade do ex-chefe de Estado era alta demais o que possibilitou sua reeleição no meio dessa crise, no segundo mandato seus programas sociais começaram a dar resultados e o seu envolvimento no escândalo foi “esquecido”.

Esse foi um período negro sem precedente na história brasileira, a reputação do senado foi gravemente abalada, presidentes da Casa caiam um atrás do outro. O papel do STF nesse julgamento mostrará a força da democracia brasileira e definirá um importante precedente para a moralização da política. É necessário um julgamento justo, sem uma caça às bruxas, do qual a verdade venha à tona. Eu sei que muitos defendem que todos sejam condenados, mas como ressaltei no texto A guerra que já foi longe demais – Parte 2 não é assim que se faz justiça.

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